Série 'Tremembé' da Amazon Prime Video estreia em 31/10/2025 com casos reais de Suzane von Richthofen e outros criminosos brasileiros

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Romiro Ribeiro 5 novembro 2025

Em 31 de outubro de 2025, a Amazon Prime Video estreia a série Tremembé, uma dramatização impactante baseada em casos reais de assassinatos e prisões de alto perfil no Brasil. A produção, feita pela Paranoid para a Amazon MGM Studios, foca no Presídio Tremembé, em São Paulo — apelidado de "Prisão dos Famosos" por abrigar alguns dos criminosos mais notórios do país. O primeiro episódio será lançado exatamente 23 anos após o assassinato dos pais de Suzane von Richthofen, um detalhe que não parece casual: é uma escolha simbólica, quase cruel, que reforça o peso histórico da história.

Os crimes que abalaram o Brasil

A série revisita com detalhes perturbadores o assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em 31 de outubro de 2002. A então adolescente Suzane Louise Magnani Muniz, retratada por Marina Ruy Barbosa, planejou o crime por meses. Ela desligou o alarme da casa da família, abriu a porta para os namorados Daniel Cravinhos (Felipe Simas) e Christian Cravinhos (Kelner Macêdo), que entraram no quarto dos pais e os mataram com barras de ferro e toalhas. Enquanto isso, ela esperava na sala, como se fosse apenas uma espectadora. Depois, fingiram um assalto, roubaram dinheiro e saíram para comemorar — ela nadou com Daniel no dia seguinte e celebrou seu aniversário de 19 anos horas após o enterro dos pais. A frieza foi o primeiro sinal de que algo estava errado.

Outros casos também ganham destaque. O assassinato da pequena Isabella Nardoni, em 2008, traz à tona a crueldade de Anna Carolina Jatobá (Bianca Comparato) e Alexandre Nardoni (Lucas Oradovschi), que jogaram a menina de um apartamento. Já Elize Matsunaga (Carol Garcia), retratada como uma mulher aparentemente normal que esquartejou o marido e escondeu os pedaços em geladeiras e sacos de lixo, é um retrato assustador da normalidade que esconde o mal.

Do livro à tela: a inspiração por trás da série

A série se baseia nos livros de jornalista Ulisses Campbell, especialmente Suzane: assassina e manipuladora e Elize Matsunaga: A mulher que esquartejou o marido. O roteiro, assinado por Bartira Bejarano, Vera Egito, Eduardo Zaca e outros, não se limita a recriar os crimes — busca entender os mecanismos psicológicos, sociais e até financeiros que levaram essas pessoas ao abismo. O que torna Tremembé diferente de outras séries de crime é a atenção dada ao cotidiano da prisão: como esses presos convivem, como se relacionam com guardas, como mantêm contato com o mundo exterior. O Presídio Tremembé não é apenas cenário: é personagem.

A direção geral é de Vera Egito, que também assina o roteiro, e a direção de episódios é dividida entre ela e Daniel Lieff. A fotografia, por Daniel Primo e Felipe Reinheimer, usa tons frios e sombras profundas para criar uma atmosfera claustrofóbica — quase como se a própria prisão estivesse respirando sobre os personagens. A trilha sonora, composta por Gui e Rica Amabis, mistura eletrônicos distorcidos com sons de corredores vazios e portas se fechando. É música que não acompanha, mas invade.

Por que isso importa agora?

Por que isso importa agora?

O Brasil vive um momento de revisão crítica sobre justiça, desigualdade e violência. Enquanto os crimes de Suzane, Elize e Nardoni aconteceram em diferentes épocas, todos compartilham uma característica: a classe média alta que se acredita acima das leis. Suzane, filha de uma família rica, foi tratada como uma "princesa do crime" pela mídia. Elize, filha de imigrantes japoneses, foi retratada como uma "mulher perfeita" até o escândalo. Essas histórias não são só sobre assassinos — são sobre como a sociedade constrói heróis e monstros. E Tremembé não julga. Ela mostra. E isso é mais assustador.

A série também traz uma mudança logística real: o presídio de Tremembé, que já abrigou esses criminosos, está passando por reestruturação. A unidade P1 em Potim foi esvaziada, e os presos foram transferidos. A P2, agora destinada a regime semiaberto, pode ser o último lar desses personagens. É um detalhe que poucos notarão, mas que dá profundidade à narrativa: o lugar onde eles estão é o mesmo onde a história foi escrita.

O que vem depois?

O que vem depois?

Se a primeira temporada for bem-sucedida, a Amazon já tem planos de expandir a série para outros presídios brasileiros e outros crimes emblemáticos — como o caso do estupro coletivo na Candelária, ou o assassinato da jornalista Marielle Franco. A série não é apenas entretenimento: é um documento histórico em construção. E o público brasileiro, cansado de dramatizações superficiais, parece estar pronto para algo mais complexo, mais incômodo, mais verdadeiro.

Frequently Asked Questions

Por que a estreia foi marcada para 31 de outubro de 2025?

A data foi escolhida intencionalmente porque coincide com o aniversário de 23 anos do assassinato de Manfred e Marísia von Richthofen, em 31 de outubro de 2002. Esse é o ponto de partida da série e o evento que abriu as portas para a fama notória de Suzane von Richthofen. A escolha cria um paralelo simbólico entre o crime e sua representação na mídia, reforçando o ciclo de memória e consumo do sofrimento.

Quem são os atores principais e como eles se prepararam?

Marina Ruy Barbosa, que interpreta Suzane, passou meses estudando vídeos reais da acusada, entrevistas e relatórios psicológicos. Felipe Simas, como Daniel Cravinhos, se isolou em um presídio de São Paulo para observar o comportamento de presos. Bianca Comparato, que faz Anna Carolina, conversou com psiquiatras que atuaram no caso Isabella Nardoni. A produção exige autenticidade — e os atores não fizeram apenas papéis, mas mergulharam em traumas reais.

O Presídio Tremembé realmente abrigou esses criminosos?

Sim. Suzane von Richthofen cumpriu parte de sua pena em Tremembé, assim como Elize Matsunaga e Anna Carolina Jatobá. O presídio, localizado em São Paulo, é conhecido por abrigar presos de alto perfil, especialmente mulheres. A unidade P2, mencionada na série, foi adaptada para regime semiaberto, e muitos desses criminosos ainda estão lá — alguns com direito a visitas familiares e até trabalho externo.

A série glorifica os criminosos?

Não. A série evita qualquer romantização. Suzane não é apresentada como uma vilã romântica, mas como uma mulher manipuladora, fria e psicologicamente desafiadora. Os crimes são retratados sem efeitos especiais ou música dramática — apenas com silêncios, olhares e detalhes que deixam o espectador desconfortável. O objetivo é entender, não justificar.

Haverá mais temporadas?

A Amazon já confirmou que, se a primeira temporada for bem-sucedida, haverá uma segunda, com foco em outros presídios e casos como o de Adriana Almeida, a "assassina do sertão", e o assassinato do jornalista Tim Lopes. A ideia é criar um "canal de memória criminal brasileira" — algo nunca feito antes na TV por assinatura no país.

17 Comentários

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    Willian Paixão

    novembro 6, 2025 AT 18:23

    Essa série vai ser pesada, mas precisa ser feita. Nós brasileiros temos que encarar essas histórias sem romantizar. A violência não é entretenimento, é consequência.
    Eu já vi o trailer e chorei. Não por drama, mas por realidade.

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    Bruna Oliveira

    novembro 8, 2025 AT 15:53

    Claro que a Amazon vai explorar o sofrimento alheio como conteúdo premium. A classe média quer ver monstros com iluminação cinematográfica e trilha sonora indie. É o novo reality show da guilt tourism.
    Brasil: onde o crime é arte e a vítima é background.

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    Rayane Martins

    novembro 10, 2025 AT 07:37

    Isso aqui não é só série. É terapia coletiva.
    Quem nega isso tá negando a própria história do país.
    Parabéns à equipe por não pular para o fácil.

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    gustavo oliveira

    novembro 11, 2025 AT 12:03

    Tem gente que acha que só porque é brasileiro o assunto é pesado. Mas isso é universal. O que aconteceu com Suzane, Elize, Isabella - é o mesmo que acontece em Nova York, em Paris, em Tóquio. Só que aqui a gente não esconde.
    Essa série é um espelho. E espelho dói.

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    Caio Nascimento

    novembro 12, 2025 AT 03:16

    Eu não sei se isso é arte... ou exploração. A produção parece respeitosa, mas a data de lançamento... 23 anos depois? É uma escolha simbólica... ou apenas oportunista?
    Eu acho que precisamos de mais cuidado. A dor das famílias não é conteúdo.

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    Rafael Pereira

    novembro 12, 2025 AT 22:55

    Se você tá com medo de ver isso, talvez seja porque precisa ver.
    Não é para assustar. É para entender.
    Essa série não está falando de monstros. Está falando de como a gente deixou isso acontecer.
    E isso é o mais assustador de tudo.

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    Naira Guerra

    novembro 14, 2025 AT 18:57

    Essa série é uma vergonha. A mídia já destruiu essas pessoas vivas. Agora vão transformar o sofrimento em binge-watch?
    Se fosse um branco europeu, a gente chamaria de sensacionalismo. Mas aqui? É cultura.

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    Francini Rodríguez Hernández

    novembro 15, 2025 AT 12:33

    MEU DEUS QUE SERIE VAI SER TOPKKKKKK
    ja to ansiosa pra ver o rosto da marina ruys barbosa fazendo a suzane
    essa mulher é uma maquina de fazer o publico se arrepiar
    nao consigo nem imaginar

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    Manuel Silva

    novembro 17, 2025 AT 04:21

    Tem um detalhe que ninguém tá falando: o presídio de Tremembé tá sendo reformado e os presos foram transferidos. Mas a série vai filmar lá mesmo? Porque se for, isso é loucura.
    Se for reconstrução, tá tudo certo. Se for real... aí é outro nível de ética.

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    Flávia Martins

    novembro 17, 2025 AT 05:19

    por que 2025 e não 2024
    por que nao lanca logo
    tem algo a ver com a eleicao
    ou so coincidencia

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    José Vitor Juninho

    novembro 17, 2025 AT 17:04

    Eu li os livros do Ulisses Campbell antes de ver o trailer. A série não inventa nada. Tudo que está ali é documentado. E isso me assusta mais do que qualquer efeito especial.
    Quando você vê o relato de uma criança que foi jogada de um prédio... e depois descobre que a mãe tinha um perfil no Instagram de mãe perfeita...
    É isso que a série quer mostrar. Não o crime. O antes. O depois. O silêncio.

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    Maria Luiza Luiza

    novembro 19, 2025 AT 09:12

    Claro que a série não glorifica... porque ninguém glorifica assassina de classe média, né?
    Se fosse um negro de periferia, a gente já tava falando de sistema e racismo.
    Essa série é só pra gente se sentir superior. "Ah, eu não faria isso".
    É só mais um espetáculo de privilégio disfarçado de reflexão.

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    Sayure D. Santos

    novembro 21, 2025 AT 05:30

    Acho que o verdadeiro mérito da série é não tentar explicar o inexplicável. Elize não era louca. Suzane não era má. Elas eram parte de um sistema que ensina que o dinheiro compra impunidade.
    Se a gente não mudar isso, a próxima série vai ser sobre quem ainda vai fazer isso.

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    Gustavo Junior

    novembro 22, 2025 AT 08:05

    Essa série é um crime contra a memória das vítimas. Você acha que a família da Isabella Nardoni quer ver a Anna Carolina sendo interpretada por uma atriz famosa? Você acha que o pai da Suzane quer ver o próprio assassinato sendo recriado com iluminação de cinema?
    Isso é necrofilia midiática. E a Amazon tá lucrando com isso.

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    Henrique Seganfredo

    novembro 23, 2025 AT 15:01

    Brasil tá virando um reality show de crimes. Enquanto isso, a Europa faz documentários sobre a guerra da Ucrânia. Nós fazemos série sobre assassinas ricas. Isso é cultura? É decadência.

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    Marcus Souza

    novembro 23, 2025 AT 17:55

    essa serie vai ser importante mesmo
    porque a gente esquece muito rapido
    hoje em dia todo mundo ta falando de outro assunto
    mas isso aqui foi real
    e as pessoas ainda ta la dentro
    nao esquece
    lembrar e o primeiro passo pra mudar
    mesmo que seja so pra nao repetir

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    Willian Paixão

    novembro 25, 2025 AT 10:31

    Eu não sou da família, mas se eu fosse, eu pediria para a série não mostrar os rostos das vítimas. Só os dos criminosos. Porque a história não é sobre eles. É sobre quem os matou. E sobre quem permitiu.
    Isso aqui não é para entreter. É para lembrar.

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