Matuê realiza performance inusitada em estrutura de 15 metros para lançamento do álbum '333'

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Romiro Ribeiro 10 setembro 2024

Lançamento de '333': Matuê surpreende com performance inusitada em São Paulo

No dia 9 de setembro de 2024, uma data que certamente ficará marcada na memória dos fãs e curiosos que acompanharam a cena, o rapper brasileiro Matuê escolheu uma maneira bastante singular para promover seu novo álbum, intitulado '333'. A performance aconteceu no icônico Vale do Anhangabaú, no coração vibrante e, naquele dia, extremamente quente e seco, da cidade de São Paulo.

O evento começou às 14 horas e teve a duração exata de 3 horas e 33 minutos. Matuê subiu uma estrutura de ferro de 15 metros, fixada firmemente no solo, e lá permaneceu imóvel e em completo silêncio durante toda a apresentação. Sem interagir com o público que se aglomerava abaixo, ele criou um espetáculo de expectativa e curiosidade, que terminou exatamente às 3:33 da tarde, quando ele finalmente se inclinou e acendeu um cigarro. Esse ato simples, mas carregado de simbolismo, foi recebido com empolgação pelos presentes.

A performance foi transmitida ao vivo pelo canal do selo 30PRAUM no YouTube e atingiu mais de 110 mil visualizações simultâneas, demonstrando a grande expectativa que cercava o lançamento de '333'. O álbum, que conta com 12 faixas, inclui uma amostra de 'Oceano', canção emblemática do célebre Djavan, além de colaborações com artistas como Veigh, Teto e Brandão 85. Esse é um marco importante na carreira de Matuê, sendo seu primeiro álbum solo desde a saída tumultuada do contrato com a Sony Music.

Conflito com a Sony Music e a ascensão de '333'

O relacionamento entre Matuê e a Sony Music se deteriorou publicamente nos últimos meses. Em agosto, Matuê lançou o EP 'Sabor Overdose no Yakisoba', cujas iniciais formam um controverso acrônimo para Sony Music. As faixas do EP traziam críticas veladas à gravadora, indicando que as tensões nos bastidores haviam chegado a um ponto de ruptura irreversível. Após o lançamento desse EP, Matuê utilizou suas redes sociais, particularmente a plataforma X (antigo Twitter), para pedir aos fãs que não promovessem o projeto, uma tentativa de cortar laços ainda mais com a gravadora anterior.

Sua estratégia de autopromoção e o método peculiar do lançamento de '333' destacam a vontade do artista de inovar e de se afastar dos tradicionais caminhos da indústria musical. A escolha pelo Vale do Anhangabaú, um local público e acessível, também pode ser vista como um gesto de democratização da arte e da música, trazendo o lançamento diretamente para as ruas, para o povo.

Repercussões e futuro na carreira de Matuê

O desempenho de '333' nas plataformas de streaming e a recepção crítica do álbum serão fundamentais para definir os próximos passos da carreira de Matuê. Até o momento, a resposta do público tem sido extremamente positiva, com muitos elogiando a coragem e a originalidade do artista. As colaborações com outros nomes importantes da cena musical brasileira também colocam '333' em uma posição de destaque.

O uso de um sample de Djavan, especialmente de uma canção tão querida como 'Oceano', é um sinal claro das ambições artísticas de Matuê. Ele não está apenas buscando inovar em termos de promoção e marketing, mas também mostrando sua capacidade de dialogar com a rica tradição musical do Brasil.

Quanto à apresentação na estrutura de 15 metros, ela será lembrada não apenas como uma jogada de marketing, mas como uma demonstração da dedicação de Matuê ao seu ofício e ao desejo de criar momentos memoráveis. Em um setor onde muitas vezes a música é tratada como um produto, Matuê está tratando seu álbum como uma obra de arte que merece um lançamento à altura.

A Resposta dos Fãs e da Crítica

A Resposta dos Fãs e da Crítica

Os comentários nas redes sociais logo após o evento variaram de surpresos a eufóricos. Muitos fãs elogiaram a ousadia do artista e entenderam a escolha da performance como uma maneira de destacar a mensagem e a profundidade de '333'. Alguns críticos também ressaltaram a performance como um golpe de mestre de marketing, mas foram rápidos em apontar que a qualidade musical do álbum seria o verdadeiro teste para Matuê.

A lista de faixas de '333' e as colaborações internas também receberam atenção especial. A inclusão de Veigh, Teto e Brandão 85 levantou as expectativas para uma fusão de estilos que promete trazer uma nova dimensão sonora à obra de Matuê. O sample de Djavan é visto como um tributo e um desafio, mostrando que Matuê está disposto a arriscar e a reverenciar ao mesmo tempo a tradição musical brasileira.

Com uma execução que equilibra planejamentos meticulosos e uma grande dose de imprevisibilidade, Matuê conseguiu captar a atenção de todos e abrir espaço para conversas amplas sobre a forma como a música é lançada e consumida no Brasil contemporâneo.

Conclusão

Com o lançamento de '333', Matuê não apenas subiu em uma estrutura de ferro, mas também a um novo patamar em sua carreira. Sua iniciativa de fazer algo radical e visualmente impactante para promover seu trabalho mostra uma compreensão profunda de como a arte e a música podem transcender as formas tradicionais de apresentação.

O desempate com a Sony Music e a escolha de seguir um caminho independente ressaltam sua determinação de manter controle total sobre sua arte e sua carreira. Independentemente dos desafios futuros, Matuê deixa claro que está disposto a fazer o que for necessário para permanecer fiel à sua visão artística.

À medida que '333' se torna disponível ao público e fica claro se cumprirá ou superará as expectativas, certamente observaremos uma nova era para Matuê, marcada por uma ousada combinação de talento, inovação e pura teimosia artística.

17 Comentários

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    Dyanna Guedes

    setembro 10, 2024 AT 18:25
    Que lindo ver alguém fazer arte de verdade, sem querer agradar todo mundo. Essa performance me fez parar tudo e só olhar. Me deu até uma emoção diferente, tipo quando você escuta uma música que te pega de jeito inesperado.

    Parabéns, Matuê, você mostrou que música pode ser mais que som.
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    Alinny MsCr

    setembro 11, 2024 AT 03:32
    ISSO É PURA FARSAAAAA!!!!!!

    15 METROS DE FERRO??? E AÍ??? E O CIGARRO??? ISSO É ARTE OU UM VÍDEO CLIP DE 3 MINUTOS QUE DEMOROU 3 HORAS PRA GRAVAR???

    EU JÁ VI CACHORRO FAZENDO MAIS SENTIDO NA RUA!!!!!!
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    Satoshi Nakamoto

    setembro 12, 2024 AT 15:34
    Você acha que isso é arte... mas será que ele não está só tentando compensar a falta de conteúdo real?

    Uma performance silenciosa não substitui letras que tocam o coração. E o cigarro? Que simbolismo ridículo. Tudo isso é um disfarce para esconder que o álbum não tem profundidade.
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    william levy

    setembro 13, 2024 AT 19:19
    Do ponto de vista da teoria da performance pós-moderna, essa ação é um exercício de deslocamento hegemônico: a sublimação do corpo como meio de resistência ao capitalismo cultural da indústria fonográfica.

    Matuê está operando como um agente de ruptura simbólica, desestabilizando os códigos de consumo midiático através da imobilidade como ato de negação performática.
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    Bruna Jordão

    setembro 15, 2024 AT 06:37
    Acho que o mais bonito foi ver o povo ali embaixo, sem entender direito o que estava acontecendo, mas ainda assim parando, olhando, respirando fundo. Não foi só marketing - foi um momento coletivo de silêncio em um mundo barulhento.

    E o sample do Djavan? Isso foi um abraço. Um abraço de quem sabe que a música brasileira é uma só, mesmo quando a gente tenta dividir em gêneros, selos e contratos.
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    Sérgio Castro

    setembro 16, 2024 AT 06:37
    Mano... isso foi tão doido que eu chorei... 🥲😭

    15 metros... 3h33min... cigarro no final... eu juro que senti o cheiro da fumaça pela tela...

    Se o álbum for metade disso, tá tudo certo. 🙌🔥
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    Camila Tisinovich

    setembro 16, 2024 AT 12:34
    ELE NÃO FEZ NADA E AINDA GANHOU ATENÇÃO? QUEM É ELE PRA FAZER ISSO? ISSO É ARTE? NÃO É SÓ UM ATOR QUE NÃO SABE FALAR? NÃO TINHA NADA MELHOR PRA FAZER? ESSA GENTE É TÃO BURRA QUE ACHA ISSO GENIAL?
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    satoshi niikura

    setembro 18, 2024 AT 00:12
    A escolha do Vale do Anhangabaú não é casual. É um espaço histórico de manifestações populares, de discursos políticos e de resistência cultural. A performance, ao ser silenciosa e prolongada, reconfigura esse lugar como um altar contemporâneo - não para o ídolo, mas para a própria ideia de arte livre.

    Matuê não está se apresentando. Ele está convocando.
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    Joana Sequeira

    setembro 18, 2024 AT 02:19
    Eu fiquei pensando: e se ele tivesse caído? E se tivesse passado mal? E se alguém tivesse tentado subir? E se o vento tivesse mudado? Toda aquela estrutura, aquele silêncio, aquele tempo... tudo tão frágil. E mesmo assim, ele ficou. Não por obrigação, não por contrato - por escolha.

    Isso me fez lembrar de quando eu era criança e ficava olhando as nuvens por horas. Ninguém entendia. Mas eu sentia. Ele tá sentindo. E a gente tá sentindo junto.
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    Larissa Moraes

    setembro 19, 2024 AT 18:53
    ISSO É BRASIL PRA CARAMBA!!! NINGUÉM FAZ ISSO NO MUNDO!!! ELE É O MAIOR DO BRASIL!!! NINGUÉM SABE FAZER ARTE COMO ELE!!! E O CIGARRO?? ELE ACENDEU O CIGARRO E O BRASIL ACENDEU A CHAMA DA REVOLUÇÃO MUSICAL!!!
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    Gislene Valério de Barros

    setembro 20, 2024 AT 18:16
    Eu assisti de novo, sozinha, à noite, com fones. Só o som do vento e o silêncio dele. E aí eu percebi: ele não estava parado. Ele estava escutando. Escutando o povo, escutando a cidade, escutando os passos, os carros, o silêncio entre os gritos. Ele não estava fazendo nada... ele estava escutando tudo. E isso é mais valioso do que qualquer nota.

    Eu não sei se o álbum é bom. Mas esse momento? Esse momento é eterno.
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    Izabella Słupecka

    setembro 22, 2024 AT 00:14
    A estrutura de 15 metros, em termos arquitetônicos, representa uma tensão entre verticalidade e estabilidade - uma metáfora perfeita para a condição do artista contemporâneo, suspenso entre a indústria e a autonomia. O cigarro, por sua vez, é um gesto de renúncia ritualística, um ato de despedida simbólica da estrutura hierárquica que o aprisionou. A duração exata de 3h33min, por sua vez, não é acidental: é uma referência numérica à trindade e à sua transgressão, um número que, na numerologia oculta, representa a quebra do ciclo linear do tempo.
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    Yuri Costa

    setembro 22, 2024 AT 13:06
    Claro, claro... mais um artista que acha que ser misterioso é ser profundo. E o cigarro? Que clichê. Que previsível. Se ele queria ser artístico, podia ter feito algo que não parecesse um comercial de cigarro da década de 70.

    Isso é o que acontece quando a indústria não te dá espaço... então você vira um performance artista de quinta categoria.
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    Paulo Sousa

    setembro 24, 2024 AT 08:30
    BRASIL NÃO PRECISA DE ESSA PORRA! ISSO É CULTURA DE RICO! NINGUÉM LIGA! ISSO É SÓ PRA IMPRESSIONAR OS BRANCO E OS QUE TÊM DINHEIRO PRA IR AO VALE! NÓS QUE VIVEMOS NAS PERIFERIAS QUEREMOS MÚSICA QUE DÊ PRA DANÇAR, NÃO PRA FICAR OLHANDO PRA CIMA!
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    kamila silva

    setembro 24, 2024 AT 10:23
    A performance é uma metáfora da existência humana - o silêncio como resistência, o corpo como altar, o tempo como única verdade... e o cigarro? O cigarro é o último suspiro da ilusão de controle. Ele não estava lá para ser visto. Ele estava lá para desaparecer. E talvez, por isso, todos o viram.
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    Eliane E

    setembro 25, 2024 AT 11:03
    Isso me fez acreditar de novo na música. Sem gritos. Sem cliques. Só presença. Parabéns, Matuê.
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    Patricia Gomes

    setembro 27, 2024 AT 03:12
    eu acho q ele ta sendo genial msm... esse lance do cigarro foi o maximo... e o sample do djavan? isso é amor... e o fato dele ta sozinho la em cima? isso é coragem... eu to esperando o album com tudo... ele ta fazendo arte de verdade, nao so pra vender...

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