
Quando María Corina Machado, líder da oposição venezuelana e presidente do Vente Venezuela foi anunciada como laureada com o Nobel da Paz 2025, o mundo ouviu um suspiro coletivo de surpresa e esperança.
O comunicado oficial chegou às 11h00 (CET) de 10 de outubro de 2025, durante a cerimônia de anúncio em Oslo, capital da Noruega. O Comitê Norueguês do Nobel, presidido por Berit Reiss‑Andersen, concedeu a Machado 100 % da bolsa, justificando a escolha como reconhecimento ao "trabalho incansável pela promoção dos direitos democráticos no povo venezuelano".
Contexto histórico da oposição venezuelana
Para entender a magnitude do prêmio, vale lembrar que Machado iniciou sua trajetória em 1992 ao fundar a Fundação Atenea, focada em crianças de rua em Caracas. Em 2002 ela co‑fundou a Súmate, associação que monitorava eleições livres. Seu salto para a cena política aconteceu em 2010, quando foi eleita com 228.470 votos ao representar o município de Chacao na Assembleia Nacional, antes de ser destituída pelo regime de Nicolás Maduro em 2014.
Desde então, Machado tem liderado a coalizão Soy Venezuela, criada em 2017 para unir forças democráticas. Sua candidatura à presidência em 2023 foi bloqueada, e ela passou a apoiar Edmundo González Urrutia como candidato de consenso.
Detalhes da premiação Nobel
O aviso chegou primeiro ao telefone de Machado por Kristian Berg Harpviken, diretor do Instituto Norueguês do Nobel, às 10h11 (UTC). Sua reação – “Oh my god… I have no words” – foi capturada em vídeo oficial, demonstrando a carga emocional do momento.
O comitê destacou que, em um cenário global de retrocesso democrático, reconhecer a luta venezuelana é “um lembrete de que a paz nasce da vontade de defender a regra popular”. O prêmio inclui 11 milhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 1,05 mi) e será entregue oficialmente em 10 de dezembro de 2025, também em Oslo.
- Data da anúncio: 10 /10 /2025, 11h CET
- Valor do prêmio: 11 milhões NOK (~US$ 1,05 mi)
- Local da cerimônia: Oslo, Noruega
- Entidade concedente: Comitê Norueguês do Nobel
- Motivo: defesa da democracia e busca por transição pacífica na Venezuela

Reações e declarações
Logo após o anúncio, Machado usou a rede X para dedicar o prêmio "pelo sofrimento do povo venezuelano e ao presidente Donald Trump, por seu apoio decisivo". Ela escreveu: “Esta homenagem ao esforço de todos os venezuelanos impulsiona nossa tarefa de conquistar a liberdade”.
Em entrevista ao programa "Fox & Friends" em setembro de 2025, Machado já havia agradecido a Trump pelo endurecimento das sanções contra o regime de Maduro, reforçando a aliança estratégica com os Estados Unidos.
Já o presidente da comissão, Berit Reiss‑Andersen, descreveu Machado como "uma figura unificadora que mantém a chama da democracia acesa em meio à escuridão".
Implicações políticas e regionais
O reconhecimento internacional eleva a pressão externa sobre o governo de Maduro. Analistas da Universidade de Caracas apontam que o Nobel pode catalisar novas sanções, mas também arrisca reforçar a retórica de propaganda do regime, que costuma rotular críticos como agentes estrangeiros.
Nos bastidores, diplomatas de países latino‑americanos veem na vitória de Machado um convite para revisitar acordos de apoio à transição democrática, enquanto Washington tem sinalizado disposição a ampliar assistência humanitária e econômica.
Entretanto, a menção explícita a Donald Trump – embora simbólica – reacende debates sobre a influência dos EUA na política venezuelana. Alguns observadores temem que a associação possa ser usada por opositores internos para acusar Machado de dependência externa.

O que vem a seguir?
Com a cerimônia marcada para 10 de dezembro, espera‑se que Machado leve a mensagem de esperança para o Palácio Real de Oslo, acompanhado por representantes da sociedade civil venezuelana que conseguiram escapar das restrições de viagem.
Na Venezuela, manifestantes nas ruas de Caracas e Maracaibo já prometeram novas marchas de massa, comemorando o prêmio como "um selo internacional de legitimidade". Enquanto isso, o governo de Maduro ainda não se pronunciou oficialmente, mas fontes próximas ao Palácio de Miraflores indicam que uma resposta será formulada nos próximos dias.
Em síntese, o Nobel da Paz pode ser tanto um farol quanto uma espada: ilumina a causa democrática, mas também pode intensificar os embates entre facções internalizadas e poderes externos.
Perguntas Frequentes
Como o Nobel da Paz pode afetar a situação política na Venezuela?
O prêmio eleva a visibilidade internacional da oposição, potencialmente atraindo mais apoio diplomático e financeiro. Contudo, também pode fortalecer a narrativa do governo de Maduro de que a oposição depende de intervenções externas, o que pode gerar nova retaliação interna.
Por que María Corina Machado dedicou o Nobel a Donald Trump?
Machado agradeceu ao presidente americano por reforçar sanções contra o regime de Maduro e por reconhecer publicamente a crise venezuelana. A dedicação serve tanto como gesto de gratidão quanto como estratégia para consolidar apoio dos EUA ao futuro processo de transição.
Qual foi o papel do Comitê Norueguês do Nobel na escolha de Machado?
O comitê destacou a defesa da democracia como critério central. Em seus documentos, salientou que, em tempos de retrocesso democrático global, reconhecer a luta venezuelana reforça a mensagem de que a paz está intrinsecamente ligada à liberdade política.
Qual a reação de Nicolás Maduro ao anúncio?
Até o fechamento desta edição, Maduro ainda não se pronunciou oficialmente. Fontes próximas ao palácio indicam que ele planeja uma resposta que acentue a soberania nacional e denuncie a interferência estrangeira, possivelmente anunciando novas medidas repressivas.
Quando será a cerimônia oficial de entrega do Nobel?
A cerimônia está agendada para 10 de dezembro de 2025, no Oslo City Hall, onde Machado receberá a medalha, o diploma e o dinheiro do prêmio em presença de representantes do Instituto Nobel e de convidados internacionais.
Luís Felipe
outubro 11, 2025 AT 01:11É inadmissível que brasileiros celebrem um prêmio concedido a estrangeiros que ainda não compreendem nossa soberania.