Acordo UE-Mercosul Promete Impulsionar Exportações de Proteína Animal para a Europa

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Romiro Ribeiro 7 dezembro 2024

Introdução ao Acordo UE-Mercosul

Após longos 25 anos de negociação, o acordo entre a União Europeia (UE) e o Mercosul finalmente foi concretizado. Assinado em 6 de dezembro de 2024, o tratado promete aumentar significativamente o comércio entre algumas das maiores economias do mundo, unindo os países do Mercosul – Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia – com a UE. Esta colaboração forma uma das maiores zonas de livre comércio, cobrindo mais de 700 milhões de pessoas, representando cerca de 20% do Produto Interno Bruto (PIB) global.

Impacto nas Tarifas e Obrigações Aduaneiras

Um dos principais aspectos do acordo é a eliminação de mais de 90% das tarifas sobre produtos trocados entre os dois blocos. Para muitas empresas europeias, isso representa uma economia em torno de 4 bilhões de euros por ano em taxas aduaneiras. No entanto, para garantir que as indústrias dos países do Mercosul tenham tempo para se adaptar, algumas tarifas serão eliminadas gradualmente. Está prevista a remoção dessas tarifas em períodos variados, dependendo do produto e da sua sensibilidade para os mercados envolvidos.

Benefícios e Receios para a Agricultura Europeia

O tratado traz promessas significativas para as comunidades agrícolas da UE, especialmente no que diz respeito ao acesso fácil ao mercado do Mercosul. Produtos europeus de alta qualidade, como vinhos, queijos, chocolates e carne suína, poderão ser exportados em condições mais favoráveis. Contudo, nem todos os agricultores europeus estão animados. Há preocupações, especialmente nos setores de carne bovina, aves, beterraba açucareira e soja, sobre a concorrência de produtos do Mercosul que operam com menores custos de produção, acarretando um impacto competitivo considerável.

Proteção das Indicações Geográficas

Outro ponto relevante do acordo é a proteção de aproximadamente 350 produtos alimentares e bebidas da UE que possuem indicações geográficas (IG). Esses produtos, frequentemente relacionados a qualidades regionais específicas, estarão protegidos de imitações nos países do Mercosul, permitindo que mantenham suas posições de mercado e sejam vendidos a preços premium.

Detalhes sobre as Quotas de Produtos Específicos

O acordo também define quotas específicas para a importação de produtos como carne bovina, aves e arroz do Mercosul para a UE. Por exemplo, será permitida a entrada de 99 mil toneladas de carne bovina do Mercosul no mercado europeu com uma taxa de 7,5%, o que representa cerca de 1,6% da produção total de carne bovina da Europa. Para a carne de frango, a quota é de 180 mil toneladas, a serem introduzidas ao longo de cinco anos, representando 1,4% do consumo total da UE. Já para o arroz, 60 mil toneladas do Mercosul poderão entrar na UE sem tarifas, um valor inferior aos 100 mil toneladas anuais de importações existentes.

O Padrão de Saúde e Segurança da União Europeia

A saúde e a segurança continuam sendo uma prioridade alta no acordo. Todos os produtos importados dos países do Mercosul devem cumprir as normas rígidas estabelecidas pela UE, garantindo que os altos níveis de proteção para a saúde humana, animal e vegetal sejam mantidos. Este cuidado com os padrões sanitários assegura que o comércio não comprometa a segurança e a qualidade dos produtos consumidos na Europa.

Sustentabilidade e Responsabilidade Socioambiental

Uma das inovações do acordo é o compromisso com a sustentabilidade e responsabilidade social corporativa. As partes envolvidas prometeram que o comércio não ocorrerá à custa dos padrões ambientais e trabalhistas. As cláusulas do acordo preveem mecanismos para garantir práticas sustentáveis, promovendo uma troca justa que respeita o meio ambiente e os direitos dos trabalhadores.

Conclusão: Um Passo à Frente no Comércio Global

O acordo UE-Mercosul representa um marco nas relações comerciais globais. Ao fortalecer os vínculos econômicos entre algumas das maiores economias do mundo, ele promete benefícios amplos, desde o fomento ao comércio até a promoção de padrões sociais e ambientais elevados. Contudo, o caminho pela frente ainda está repleto de desafios, especialmente para setores que enfrentarão uma concorrência mais acirrada. À medida que o mundo observa, as partes envolvidas trabalharão para garantir que este acordo proporcione prosperidade equilibrada e uma base sólida para o futuro do comércio internacional.

16 Comentários

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    Isabella Bella

    dezembro 9, 2024 AT 03:55
    O acordo é bonito no papel, mas quando você vê o que tá acontecendo no campo, a realidade é outra. A gente exporta carne, mas os produtores locais não têm acesso igual aos subsídios europeus. É só trocar um monopólio por outro.
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    João Pedro Néia Mello

    dezembro 9, 2024 AT 11:36
    Se a UE quer proteger suas indicações geográficas, por que não protege também os sabores tradicionais da Amazônia? Por que só o que vem da Europa é "autêntico"? A gente tem queijo de cabra da Serra da Mantiqueira, mel de jandaíra, farinha de mandioca de comunidades quilombolas - tudo isso é cultura, tudo isso é identidade. Mas ninguém fala disso. O acordo é uma fachada de globalização que só beneficia os que já têm poder. A Europa quer o nosso suco, mas não quer o nosso saber. E isso é colonialismo com selo de livre comércio.
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    Simone Sousa

    dezembro 11, 2024 AT 05:35
    Essa história de "sustentabilidade" é pura fachada. Vocês acham que os grandes frigoríficos vão parar de desmatar só porque um acordo assinado em Bruxelas diz que é pra ser sustentável? A gente já viu isso antes. Assinam, assinam, e depois a fiscalização some. E o povo que paga o preço? O povo do campo. O povo da floresta. O povo da fome.
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    Valquíria Moraes

    dezembro 11, 2024 AT 22:11
    EUROPA VEM PEGAR NOSSA CARNE E NOS DÁ EM TROCA QUEIJO COM NOME FRANCÊS 😤🧀🤯 #MercosulÉU #VemQueTem
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    Francielle Domingos

    dezembro 12, 2024 AT 08:52
    É fundamental ressaltar que, conforme os termos do Acordo UE-Mercosul, a conformidade com os padrões sanitários e fitossanitários da União Europeia é obrigatória e não negociável. Todos os produtos importados devem atender às normas do Regulamento (CE) n.º 852/2004 e demais legislações complementares. A qualidade e a segurança alimentar não são concessões - são requisitos mínimos. A indústria brasileira já possui certificações internacionais reconhecidas, e o cumprimento desses padrões é, na verdade, uma oportunidade de modernização estrutural. A transparência e a rastreabilidade são os pilares do futuro da agroindústria.
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    Paulo Roberto Fernandes

    dezembro 13, 2024 AT 14:50
    Acho bom, mas tem que ter cuidado com os pequenos produtores. A gente não pode deixar o mercado virar só de gigante contra gigante.
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    Lucas Leal

    dezembro 15, 2024 AT 00:09
    As quotas de carne bovina são pequenas, sim, mas o impacto é maior do que parece. A UE já importa 1,2 milhão de toneladas por ano. 99 mil é só o começo. Se a pressão por mais cota crescer, aí a briga fica feia. E o produtor brasileiro? Vai ter que competir com a carne da Austrália e da Índia também. O acordo não é um presente. É um teste.
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    Luciano Silva

    dezembro 15, 2024 AT 23:54
    O acordo é ótimo pra quem vende carne mas o que os caras da UE querem é o nosso soja e o nosso açúcar e eles não vão deixar o mercado abrir de verdade porque se abrir o mercado vai virar bagunça e aí o que a gente faz
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    Luiz Soldati

    dezembro 17, 2024 AT 22:43
    A gente fala em livre comércio, mas o que isso significa na prática? Que os ricos da Europa vão comprar nossa carne e a gente vai comprar o vinho deles? E o que acontece com a cultura alimentar local? O que acontece com o churrasco de quintal, com o pão de queijo, com o feijão que a vó faz? Quando tudo vira commodity, tudo vira igual. E aí, quem perde? Nós.
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    Renaldo Alves

    dezembro 19, 2024 AT 22:43
    Se o acordo é tão bom, por que demorou 25 anos? Porque ninguém queria que isso acontecesse. Porque a UE tem medo da concorrência. Porque a gente é visto como o "barril de lixo" do mundo. E agora que o povo tá cansado de ser explorado, eles vem com um acordo cheio de "sustentabilidade" e "direitos humanos" pra fingir que são bons. É o mesmo discurso de sempre. Só que agora com mais gráficos e menos verdade.
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    José Ribeiro

    dezembro 21, 2024 AT 12:57
    Se a gente vai exportar mais carne, a gente também precisa investir em infraestrutura. Estradas, frio, logística. O acordo não muda nada se o caminhão quebra na BR-163. E se o produtor não tem acesso ao crédito? A gente precisa de política pública, não só de assinatura de papel. 🤝🌱
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    alexandre eduardo

    dezembro 22, 2024 AT 05:59
    Eles querem a nossa carne mas não querem ver o que acontece pra ela chegar lá. O sangue no chão, o gado que morre na estrada, os índios que perdem a terra. Eles querem o sabor sem o peso da consciência. É como comer um bife e fingir que não viu o boi sendo abatido. A Europa é o tipo de pessoa que compra o presente mas não quer saber do embrulho.
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    Tayna Souza

    dezembro 24, 2024 AT 03:37
    Isso aqui é uma chance de transformar o agro brasileiro! Se a gente cumprir os padrões da UE, a gente sobe de nível. A indústria vai ter que melhorar, os produtores vão ter que se profissionalizar. E isso é bom. A gente pode ser referência mundial em carne sustentável. Vamos lá! 💪🐄
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    Mayara Osti de Paiva

    dezembro 24, 2024 AT 21:47
    E onde está o compromisso com os pequenos produtores rurais? Onde está a garantia de que os territórios tradicionais não serão invadidos? O acordo é assinado por governos, mas os impactos caem sobre os povos da terra. Eles não foram consultados. E agora? Eles vão ter que se adaptar a um mercado que não os inclui? Isso não é comércio. É expulsão disfarçada de progresso.
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    Thalyta Smaug

    dezembro 26, 2024 AT 20:21
    E se eu te disser que a UE já tem um acordo secreto com a China para limitar a importação de carne do Mercosul? E se o que está sendo anunciado como "abertura" for só uma manobra pra pressionar a China? Ninguém acredita nisso? Acho que todos estão sendo usados.
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    ALINE ARABEYRE

    dezembro 26, 2024 AT 20:59
    Conforme o artigo 22 do Acordo UE-Mercosul, as disposições relativas às indicações geográficas são vinculativas e exigem a implementação de mecanismos de proteção jurídica eficazes nos países signatários. A proteção de denominações como "Champagne", "Parma Ham" e "Feta" é um marco regulatório que assegura a integridade do sistema de propriedade intelectual. A conformidade com tais normas não representa uma concessão, mas sim a adesão a um padrão internacional de qualidade e autenticidade reconhecido globalmente. A indústria brasileira deve, portanto, adotar medidas de compliance rigorosas para garantir a sustentabilidade jurídica do acordo.

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