Redução da tarifa do metrô no Rio: promessa, seletividade e dúvidas
Quando foi anunciado que a tarifa do metrô do Rio de Janeiro teria uma redução em junho de 2025, o tom da propaganda do governo estadual era triunfal. O governador Claudio Castro e equipe venderam ao público a ideia de alívio imediato no bolso de quem pega metrô para trabalhar e estudar. Mas o que ficou de fora das entrevistas e comunicados oficiais é, justamente, o que afeta a vida real dos passageiros.
Primeiro ponto: a tão falada redução não vale para todo mundo. Quem imaginou que o corte de preço seria aplicado em todas as linhas, horários e estações vai se frustrar. O anúncio detalhado – que acabou vazando para a imprensa via análises independentes – mostra que o desconto serve só para determinados trechos ou faixas de horário, geralmente fora do pico. Ou seja, quem depende do sistema nos horários mais cheios vai continuar pagando caro, inclusive com um aumento já programado para abril (R$7,90 no metrô central).
Agora olha o contraste: enquanto o metrô ocupa o centro das atenções, ônibus municipais já subiram para R$4,70, e os trens suburbanos de superfície amargam uma tarifa de R$7,60. O resultado? Um verdadeiro mosaico de preços que só confunde o usuário e faz muita gente desistir do transporte público. Ana Patrizia Lira, do grupo ANPTrilhos, defende uma política única, integrada, sem esse quebra-cabeça de tarifas. “Sem integração, o passageiro sai prejudicado e os sistemas perdem usuários”, explicou ela recentemente em uma audiência sobre o setor.
Subvenções, Jaé e o futuro da mobilidade no Rio
Outro buraco na conversa oficial é o tema dos subsídios: apesar do Rio investir pesado nos ônibus municipais – com subsídios que atraem passageiro para esse modal – a rede ferroviária continua mal aproveitada, sempre com aquela promessa de melhorias que nunca se materializam por completo. O Estado não explicou como vai bancar a diferença no caixa das empresas metroviárias com a redução de tarifa. O medo de especialistas, na prática, é que falta dinheiro para manter o serviço com qualidade ou até para segurar o desconto por muito tempo.
E tem ainda a mudança do sistema de bilhetagem. O tradicional RioCard começa a dar adeus em 2025. Entra em cena o Jaé, um sistema digital que promete “modernidade”, mas que já trouxe preocupação para quem depende do Bilhete Único social — aquela categoria de tarifa reduzida dedicada à população de baixa renda. Especialistas em mobilidade alertam para o risco de exclusão, principalmente para idosos, desempregados e trabalhadores informais que têm menos acesso a meios digitais e podem encontrar dificuldade para migrar para o Jaé.
Nesse cenário de dúvidas e falta de comunicação clara, a redução da tarifa do metrô parece mais um aceno simbólico do que uma mudança estrutural. Tudo isso em um momento em que o número de passageiros do sistema sobre trilhos está em queda, consequência direta do peso das tarifas fragmentadas e das incertezas para o usuário comum. A iniciativa do estado entra para o debate, mas ainda deixa muita pergunta no ar sobre o futuro do transporte público carioca.
Veridiana Farias
junho 28, 2025 AT 16:11Essa redução de tarifa é tipo aquele pão de queijo que parece quentinho mas na verdade tá frio por dentro. Só vale pra quem viaja fora do horário de pico? E os que trabalham das 6h às 14h? E os estudantes que precisam ir pra faculdade antes das 7? Isso não é alívio, é trapaça com emoji de sorriso.
E ainda por cima o Jaé tá chegando sem plano B pra quem não tem celular ou internet boa. Vão deixar idosos na mão só porque a tecnologia é 'moderna'? Sério? O Rio tá mais preocupado com app do que com pessoa.
Se fosse verdadeira integração, a gente nem precisava de tanta confusão. Mas claro, é mais fácil fazer um anúncio bonito do que resolver o sistema de verdade.
Luciano Ammirata
junho 29, 2025 AT 20:00Essa política tarifária é um reflexo da falência epistemológica do Estado contemporâneo. A redução seletiva não é um erro administrativo, é uma ontologia do poder: quem controla o acesso ao transporte controla a mobilidade da classe trabalhadora.
Os subsídios aos ônibus municipais funcionam como um placebo político - mantêm a ilusão de inclusão enquanto o metrô, a espinha dorsal da mobilidade urbana, é negligenciado. O Jaé? É a digitalização da exclusão disfarçada de inovação. O capitalismo lateja nisso: tecnologia como filtro social.
Se a tarifa fosse única, integrada e subsidiada por impostos sobre grandes fortunas, talvez o transporte público deixasse de ser um privilégio e voltasse a ser um direito. Mas isso exigiria coragem. E coragem, como sabemos, é a última mercadoria que o governo ainda não comercializou.
antonio marcos valente alves marcos
julho 1, 2025 AT 16:33ai meu deus mais essa porra de tarifa que nem é tarifa de verdade só pra quem tá com sorte de não pegar o metrô no horário que importa e os ônibus já tá no preço do ouro e o trem de superfície tá quase abandonado e agora vem esse tal de Jaé que nem todo mundo entende como funciona e se você não tiver celular ou internet você tá fudido e o governo ainda fala que tá ajudando mas na verdade tá só fazendo foto pra rede social e esquece que a maioria dos caras que pegam metrô tá indo pra trabalhar e não pra curtir o fim de semana
e se o dinheiro tá faltando pro metrô então porque não pega de quem tá rico e não da classe média que já tá morrendo de pagar conta
isso aqui é um show de má fé e ninguém tá falando disso
Joffre Vianna
julho 3, 2025 AT 15:28Oh my god. A redução de tarifa é tão falsa que até o próprio governador precisa de um cronograma pra lembrar em que dia ela vale. O que é isso? Um reality show de mobilidade urbana? O público é o público, o metrô é o palco, e o Jaé? O novo produto patrocinado pela Microsoft com direito a holograma.
Enquanto isso, os verdadeiros usuários - os que acordam às 5h, os que pegam três transportes, os que não têm conta no banco - estão sendo tratados como bugs no sistema. Não é incompetência. É intencional. É o capitalismo com cara de promoção de Black Friday.
Parabéns, Claudio. Você transformou o transporte público num jogo de cartas marcadas. E nós, os jogadores, nem sabíamos que estávamos apostando.
Victória Ávila
julho 4, 2025 AT 06:58será que a gente realmente acredita que uma redução seletiva é uma política pública? eu tô tentando entender... porque se o objetivo é ajudar quem precisa, por que só quem viaja fora do horário de pico ganha? e se o Jaé vai excluir os idosos e os que não tem acesso a celular... isso não é avanço, é regressão disfarçada de tecnologia
e o pior: ninguém explica de onde vai sair o dinheiro pra bancar essa redução. se o metrô tá com déficit, e o governo não fala, então tá só adiando o problema pra frente, né?
acho que a gente tá sendo enganado com números bonitos e frases que soam boas mas não mudam nada na prática. será que alguém já fez uma pesquisa com os passageiros reais? ou só com assessores de imprensa?
Nathalie Ayres de Franco
julho 4, 2025 AT 09:24Eu só queria que alguém explicasse de forma simples: se o metrô tá mais barato, por que eu ainda sinto que estou pagando mais? Porque os outros modais não seguem o mesmo padrão. E o Jaé... eu tenho medo de não conseguir usar quando precisar.
Isso tudo parece feito pra parecer que está melhorando, mas na verdade só está complicando mais a vida de quem já vive complicado.
Eu não sei o que fazer. Só espero que alguém escute antes que mais gente desista de usar o transporte público.