
O adeus a Chuck Mangione: uma história de jazz e inovação
O mundo do jazz acordou diferente após a notícia da morte de Chuck Mangione, no dia 22 de julho de 2025. Mais que um músico virtuoso, ele foi um símbolo de como o jazz podia dialogar com o grande público, tornando-se trilha sonora de várias gerações. O famoso trompetista e flugelhornista, nascido em Rochester, Nova York, no final de 1940, começou sua relação com a música cedo e logo percebeu que as teclas do piano não ressoavam tanto quanto o brilho dos instrumentos de sopro. Bastou assistir a filmes de jazz na TV para migrar rumo ao trompete, onde encontrou sua verdadeira voz.
Na cena musical americana, Mangione se destacou ainda jovem ao integrar a banda de Art Blakey, os Jazz Messengers. Não demorou para se juntar ao irmão Gap Mangione na formação dos Jazz Brothers, uma experiência que já mostrava o talento incomum presente na família. O verdadeiro salto, porém, veio nos anos 1970. Enquanto o jazz passava por mudanças, ele decidiu apostar em misturas: fundiu o improviso tradicional com elementos do funk, do pop e da música orquestral. A aposta deu certo em 1977, quando lançou ‘Feels So Good’. A faixa conquistou rapidamente rádios, trilhas de filmes e até ascendeu à categoria de hino radiofônico. O solo de trompete, pegajoso e sofisticado, grudou nos ouvidos de gente que nunca tinha parado para ouvir jazz antes.
Uma carreira de hits, prêmios e influência duradoura
Trinta álbuns carregam seu nome como líder e centenas de gravações contam com sua participação. Chuck Mangione não ficou restrito apenas ao palco ou ao estúdio. Entre as premiações, o Grammy foi um reconhecimento de alto nível, mas o carinho do público se refletiu em apresentações lotadas e no respeito de músicos consagrados. Ele gravou e tocou com nomes como Dizzy Gillespie, que serviu não só de colaborador, mas de inspiração desde os primeiros passos, e também estabeleceu pontes com “famílias” do jazz modernas, como a de Miles Davis.
Além da música, Mangione flertou com outras linguagens artísticas. Apareceu em séries de TV — inclusive dublando a si mesmo no popular desenho americano King of the Hill, onde mostrava um lado bem-humorado, divertido e acessível. Era um artista que transitava pelo erudito, pelo improviso jazzístico e pelo universo pop, sempre sem perder sua essência. Por esses motivos, seu legado se espalha para além das notas musicais.
- Transformou o jazz de clube pequeno em música universal
- Inspirou jovens músicos pelo mundo todo a experimentar o jazz fusion
- Mostrou que jazz e pop podem andar juntos sem perder qualidade
Com sua morte, aos 84 anos, fica a lembrança de um artista capaz de abrir portas – inclusive para quem nunca se considerou fã de jazz. Mangione era a prova de que a reinvenção pode ser o caminho mais curto para a eternidade musical.